Amor Conteporâneo


A incapacidade de lidar com o afeto e a proliferação da cultura de consumo, em que a satisfação pessoal está acima de qualquer coisa, enfraquecem as relações.

A bióloga Érica Neves é casada há 7 anos e costuma freqüentar salas de bate-papo em busca de parceiros que possam satisfazer desejos que ela não encontra no seu casamento. "Sei que não passa de delírio da minha cabeça. Mas o que eu recebo com meus amantes virtuais, acabo revertendo para o meu marido. É uma forma de aquecer o camento" comenta. ö


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman também acredita que a sociedade de consumo impossibilita o afeto. No livro Amor Líquido, ele utiliza o termo liquidez, vindo da economia, para explicar como os relacionamentos atuais são pontuados pela noção de rentabilidade.

"Para Bauman, as pessoas estão sempre calculando os riscos de suas escolhas. Se estou numa relação que não é prazerosa ou se ela entra em choque com as minhas realizações individuais, o vínculo se enfraquece. É uma eterna busca da maximização do prazer. Há uma dificuldade de lidar com a dor e ela se torna quase marginal. Quem sofre é rejeitado porque os valores são de sucesso e felicidade. Mas como as pessoas não encontram esse ideal, tornam-se frustradas."

>>> O médico Diogo Holanda, de 26 anos, admite que conservar o amor em seu vigor dá trabalho. "É preciso sair da rotina. Mas às vezes não dá. O dia-a-dia das contas, dos pagamentos, do trabalho, tudo isso enfraquece o relacinamento", comenta. É na fantasia que se vive, entratanto, a utopia do amor romântico.


Carolina Leão
Diário de Pernambuco, 11.06.2006,
(fragmento do texto)





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