(Ser)tão.
A gente mata.
Para estar vivo,
mata o tédio.
Se é para ser desejado,
mata a vergonha.
Pra ser forte,
mata a lucidez.
Para ser mais eu
o outro morre...
Mata a gente só por não ver.
Pra ser esperto,
mata a pureza.
Mata o brinquedo,
pra ser gente grande.
A gente mata uma deusa:
a mulher amada e a outra, duas em uma,
matamos uma, a mortal fica viva.
A gente mata o imortal:
a gente mata o amor,
o amor que ama sozinho,
porque o amor que morre
é o amor que não tem o amor do outro.
A gente mata a esperança,
porque não é vermelha,
o mundo quer paixão,
e a esperança é verde.
A gente mata o que a vida manda.
A gente mata a gente.
(Miliano)
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