A Dermatobia e Eu
Uma mosca pousou pesadamente no meu braço, perto da minha mão. Parei a leitura e meio assustado, observei-a por dois segundos, era enorme! Um espécie nova? Não sei. Nunca vi mais gorda, se bem que era impossível ser mais gorda e pesada, parecia uma espaçonave, tão elaborada e sinistra; Como são elaborados os incetos..., mas nem todos são sinistros. Dei um peteleco nela, com o lápis que uso para sublinhar o texto. Ela quase não se afastou, e num voo de trapezista voltou a pousar em mim.
Que insistência! Não vê que sou maior e mais forte? Que ousadia e atrevimento!
Afugentei-a novamente, dessa vez com a revista; De vez em quando eu coloco o lápis na boca... Melhor não encostá-lo no bicho!
E mais uma vez ela pousou, eu não vi, mas procurei, tinha certeza que ela voltaria. Estava na minha perna. No pano da calça, parecia que afastava as fibras do tecido para chegar a mim. Impacientemente e já indignado, afugentei-a com a alça da bolsa. Ela – o monstro – parecia partilhar da indignação. Voltou no ar e como que dissesse: Banzai! Voou de encontro à minha cabeça. Acho que se ela pudesse, com sua fuselagem de espaçonave, perfuraria minha cabeça, de um lado à outro, e sorriria ensanguentada do alto, me vendo cair como um peso de papel.
Acho que ainda ouvi um sorriso sarcástico, brotando dos seus cinquenta olhos, a me fitar, pousada no meu joelho, imóvel e desafiadora. Mesmo com algum movimento meu, ela não se abalava.
Permaneceu lá por eternos cinco segundos.
Transformei toda a alça da bolsa num daqueles poderosos chicotes roliudianos e atingi o ser nefasto, representante de todos os seres nefastos do meu dia. Ela rolou atordoada pelo chão, tentando se recompor, aprumando as asas que pareciam asas de uma inceticídica possessão.
Creio que ainda me fitava. E lá do alto, eu pisei no seu corpo, com uma pisada que esmagaria uma cadeira, e deslizei o solado pelo chão, transformando em pozinho a mosca e os seres nefastos do meu dia.
Miliano
Que insistência! Não vê que sou maior e mais forte? Que ousadia e atrevimento!
Afugentei-a novamente, dessa vez com a revista; De vez em quando eu coloco o lápis na boca... Melhor não encostá-lo no bicho!
E mais uma vez ela pousou, eu não vi, mas procurei, tinha certeza que ela voltaria. Estava na minha perna. No pano da calça, parecia que afastava as fibras do tecido para chegar a mim. Impacientemente e já indignado, afugentei-a com a alça da bolsa. Ela – o monstro – parecia partilhar da indignação. Voltou no ar e como que dissesse: Banzai! Voou de encontro à minha cabeça. Acho que se ela pudesse, com sua fuselagem de espaçonave, perfuraria minha cabeça, de um lado à outro, e sorriria ensanguentada do alto, me vendo cair como um peso de papel.
Acho que ainda ouvi um sorriso sarcástico, brotando dos seus cinquenta olhos, a me fitar, pousada no meu joelho, imóvel e desafiadora. Mesmo com algum movimento meu, ela não se abalava.
Permaneceu lá por eternos cinco segundos.
Transformei toda a alça da bolsa num daqueles poderosos chicotes roliudianos e atingi o ser nefasto, representante de todos os seres nefastos do meu dia. Ela rolou atordoada pelo chão, tentando se recompor, aprumando as asas que pareciam asas de uma inceticídica possessão.
Creio que ainda me fitava. E lá do alto, eu pisei no seu corpo, com uma pisada que esmagaria uma cadeira, e deslizei o solado pelo chão, transformando em pozinho a mosca e os seres nefastos do meu dia.
Miliano
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