Desparate do Governo


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Rolling Stone: R$ 524 mil de dinheiro público via Ministério da Cultura Coyote: R$ zero vírgula zero zero

No segundo semestre do ano passado o Ministério da Cultura lançou o edital para Periódicos de Conteúdo Cultural.

Não sei se revistas literárias como Babel (Santos), Ontem choveu no futuro (Campo Grande), Entretanto (Recife), Polichinelo (Belém), revistas pequenas e de grande qualidade, foram inscritas. A Coyote foi.

Esta semana saiu o resultado. Os vencedores: Rolling Stone (que tem na capa da edição de março o apresentador do Big Brother Brasil, Pedro Bial), levou Cr$ 524 mil. A Cult, R$ 504 mil, a Brasileiros, R$ 441 mil e a Piauí, R$ 399 mil.

De um lado, revistas comerciais, de mercado, que se sustentam com vendas e anúncios.

De outro, revistas de pequena estrutura, sem a menor chance de sobrevivência na rapina do mercado e que realmente veiculam conteúdos altamente culturais.

Como a distinta platéia sabe, revistas literárias no Brasil, desde o tempo da Klaxon (dos modernistas),da Revista de Antropofagia (de Oswald de Andrade), e da Joaquim (de Dalton Trevisan), têm vida breve. Apesar da qualidade (internacional!) morrem a míngua pela falta de recursos.

E o Ministério da Cultura, contrariando todo o seu discurso, preferiu injetar recursos nas revistas de mercado e virar as costas para as revistas literárias, de pequena ou nenhuma estrutura, feitas invariavelmente por poetas e escritores, que publicam o que há de melhor e mais radical na literatura brasileira, e que lutam heroicamente para se manterem vivas.

Nos discursos, a equipe ministerial até já não se esquece de incluir a literatura quando fala de políticas públicas para a cultura. Na prática, continua cagando e andando para os escritores.

por Ademir Assunção no blog Espelunca

Comentários

criSOLeide Silva disse…
Eu fico muito indignada com essas, e outras coisas mais que andam ao leu em nosso país. Sinceramente, não consigo só reclamar, mesmo que em algumas situações só me reste falar, escrever para caixinha de sugestões ou apelar para a falecida ouvidoria.

Mesmo sem conhecer o conteúdo das vencedoras: Rolling Stone, Cult, Brasileiros, e a Piauí, seria preciso saber o quanto houve de empenho e “comercial” para que as demais revistas não tenham vencido, não se sabe ao certo nem se todas elas foram inscritas.

Será que todas essas vencedoras realmente não merecem? Acho muito legal esclarecer, mostrar esse tipo de coisa, mas ser o último dos românticos não vende literatura, num país que não se tem a prática da leitura, acho que seja inteligente mesmo para uma revista literária promover o conteúdo pela capa.

O mundo é outro, a culpa é de quem está parado, achando que nasceu na época errada.