Menino que treme
E manto que aquece
Não se arrepende
E nem esquece.
Diz Fernando Pessoa:
“Para ser grande, sê inteiro
Nada teu exagera ou exclui”.
Para ser sua, vou sendo inteira
Se exagero, é para não esquecer
Que quero aquecer
O menino que dorme
Em meus braços a tremer.
Sinto como seu corpo responde ao toque.
Como seus olhos passeiam e fogem.
Não excluo nada, nem vontades, nem desejos.
Vou sendo o que me vem à cabeça
E nem sei o que estou sendo para você
Mas vou seguindo o caminho do rio
O trilho do trem, a trilha da mata
Os pedregulhos da estrada.
Fagulhas do que sente
Faíscam em mim.
E eu sou assim,
Um dia quente, um dia frio
Um dia dormente, um dia arrepio.
Mas sou sempre presente
Na voz e na mente.
Sempre pergunto
E você, silente
Quem cala, consente...
Caliente, fervente.
Adoro responder ordens
Adoro provocar desordens
Adoro ser escrava
Ser trava.
Adoro ser cabana
Ser manta.
Adoro ser travesseiro
Ver no espelho
Meu cavaleiro
Nu, em pelo.
Adoro ser dona
Adoro ser amazona.
Meu bombom preferido
Vem de novo e faz abrigo
Comigo.

Patrícia

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