O Silêncio dos Cães

Dizem que o cão é o quarto animal mais inteligente: Depois do macaco, elefante e do homem, não necessariamente nessa ordem... :-). Equiparam seu raciocínio (não razão) ao de uma criança de dez anos.

Espanta-me quando vejo pessoas tratando os animais como se fossem seres estúpidos, especialmente os cães, um exemplo de devoção e altruismo. Os cães nos ensinam fidelidade. E isso é a premissa para uma relação perfeita. Imagino que a sociedade seria outra se a fidelidade humana fosse como a canina.

Os cães falam, no entanto você precisa entender. Não são todos os meus sete leitores que vão concordar com o que digo, é preciso uma relação de muita proximidade com um cão para entender o que digo.

Uma pessoa especial enviou-me um link para um blog onde aparecem cães deixados em carros, esperando seus donos. Observe os olhares, será que não conseguimos entender seus sentimentos? Claro, é preciso admitir que existem sentimentos nos cães.

Fui à fonte das imagens e encontrei um depoimento do fotógrafo, está logo abaixo. A visualização é interessante tanto para quem gosta de cães quanto para quem gosta de boa fotografia. As imagens estão em tamanho reduzido, clique nelas e... vão ficar maiores.

Esse é o Próspero

O silêncio dos Cães

Uma vez fui deixado em um carro em uma idade jovem.
Eu não sei quando ou onde ou por quanto tempo, possivelmente com a idade de quatro,
parecia do lado de fora de um supermercado, provavelmente por apenas quinze minutos.
Os detalhes não importam.
A questão é que eu me perguntei se alguém iria voltar.
O medo que eu sentia era forte: na mente de uma criança é possível ficar sozinho para sempre.

Por volta da mesma época, comecei a sentir uma profunda afinidade com os animais -
Chama-me a atenção, em particular, a sua situação nas mãos dos seres humanos.
Eu vi um documentário de TV que incluía imagens de um cão que está sendo colocado em um saco plástico e sendo jogado fora.
O que me chocou mais foi que o cão não podia argumentar para que não o fizessem.

Devo dizer que eu era uma criança bem-amada e nunca fui abandonado e ainda é claro que ambas as experiências surgiram a partir do mesmo lugar dentro de mim: o medo de estar sozinho.

Quando eu comecei este projeto que eu sabia que as fotos seriam depressivas.
Em certo sentido, eu estava tentando voltar para dentro do meu carro, para voltar a experimentar o que eu não podia suportar como uma criança. O que eu não esperava era ver tantas reações sutis pelos cães: alguns tristes, alguns na expectativa, alguns com raiva, alguns abatidos.
Era como se, após a abertura de uma caixa de lápis de cor, todos fossem cinza.
Fiquei surpreso ao ver tantos tons.

Há vida nos lugares mais obscuros dentro de nós.

Acesse a origem Martin Usborne