Mais uma cota...

Meus avós eram negros, tenho minha porcentagem de negritude, os negros foram injustiçados e quem os injustiçou deveria ser punido. Como fazer? Culpar meus avós brancos pelos sofrimentos sociais de meus avós negros?

Com mais essa nova cota proposta, ser negro vai virar meio de vida!

Não sei como fazer para reparar as injustiças, mas certamente não se faz desse jeito.


A vida não é só difícil para negros: os índios, as mulheres, os analfabetos, os nordestinos, os deficientes, os gays, os loucos, os pobres, os brancos favelados... todos os injustiçados pela sociedade histórica merecem reparação, vamos criar cotas para todos?!

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Artistas negros reivindicam cotas na produção audiovisual
25/08/2003 - 16h46

Brasília - Cotas para negros na produção audiovisual brasileira. A proposta foi apresentada hoje à secretária Especial de Promoção da Igualdade Racial, ministra Matilde Ribeiro, por um grupo de artistas negros. Segundo o ator Antonio Pitanga, a idéia é que se tenha pelo menos 30% de artistas e técnicos afro-brasileiros nas produções de cinema e televisão. "As cotas para negros na produção audiovisual é uma questão de vida e de reconhecimento do que já fizemos", defendeu Pitanga.

De acordo com o cineasta Joel Zito Araújo, a presença de atores negros na televisão brasileira, por exemplo, chega a no máximo 10% do elenco das produções de teledramaturgia. "Até hoje, na Globo, não houve uma protagonista negra numa novela. No teatro também as peças com histórias e atores negros são minoria", observou.

Para a ministra Matilde Ribeiro, a iniciativa do Fórum Permanente de Artistas e Técnicos em Espetáculos Afro-Brasileiros "catalisa um anseio muito antigo não só dos artistas negros, mas também do movimento anti-racismo no Brasil e, indiretamente, de toda a população negra". A ministra disse que é favorável à criação de cotas. "Se nós formos considerar que os negros chegam a cerca de 50% da população brasileira e que quando ligamos a TV só vemos apresentadores, jornalistas e artistas brancos e uma minoria negra representada na telinha, eu sou favorável à política de cotas na comunicação", argumentou.

Ela ressaltou, no entanto, que é preciso também medidas para que esse mecanismo não seja mais necessário a médio e longo prazo. "Nós temos que vislumbrar um momento na nossa sociedade que nós não precisemos de cotas, que nós sejamos democráticos o suficiente para mostrar o Brasil do jeito que ele é. Mas, para mudar essa realidade, hoje, é necessária a implantação de cotas, como acontece na área educacional".

Os artistas também propuseram que 30% do patrocínio dado por empresas estatais sejam destinados a obras com uma visão multirracial. Outra reivindicação é que os realizadores que recebam recursos diretos do governo ou sejam beneficiados com as leis de incentivo tenham, em contrapartida, que garantir a participação de negros em sua produção.

Joel Zito Araújo disse que é preciso garantir também que os negros estejam presentes nas comissões e conselhos que definem as políticas e patrocínios culturais. "Basicamente nós precisamos efetivamente de dinheiro, de estar presente no momento que vai ser definido que filme ou que programa de televisão vai ser apoiado", explicou.

Outra sugestão é que as emissoras públicas contratem, pelo menos, 30% de negros para cargos de direção. "É uma forma de garantir que sejam pensados e realizados programas voltados para promover a auto-estima dessa população", disse Joel.

Todas essas propostas serão discutidas num próximo encontro, marcado para 8 de setembro, com os representantes do Fórum. Elas serão base para a definição de uma política racial e cultural que deverá ser anunciada pelo presidente Lula em 20 de novembro, data de comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra.


Agência Brasil de Notícias

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