Uma delicada forma de calor.


(...)
Está ventando.
Você está vendo?
Tenho medo,
Por que são fortes e assustadores.
Mas você está comigo...
Deveria estar.
Estão mudando.
As dunas onde repouso.
Elas não são fixas, eu sabia.
Só a pedra é fixa.
A vida é uma sucessão de ventos...
Está chovendo, mas não tenho medo.
Gosto da chuva, mesmo com vento.
A Chuva lava, limpa, faz o recomeço, germina, fortifica...
Mas eu não quero mudar, recomeçar.
Então a chuva não é bem vinda.
O vento diminuiu a intensidade.
Meu medo se abrandou.
Por que será que o vento me trás medo?
O som do vento continua a me incomodar.
Vento, não varre o pensamento?
Medo não é ausência de coragem.
Silêncio não é ausência de pensamento.


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Eu me lembro
de você ter falado
Alguma coisa sobre mim
E logo hoje, tudo isso vem à tona
E me parece cair como uma luva
(...)
E quanto ao que você me disse
Eu me lembro sorrindo
Vendo você tão séria
Tentar me enquadrar, se sou isso
Ou se sou aquilo
E acabar indignada, me achando totalmente impossível
E talvez seja apenas isso:
(...) Impossível.
E talvez, a chuva, o cinza,
O medo, a vida, sejam como eu
Ou talvez , porque você esteja de repente,
Assistindo muita televisão
(...)
O seu olhar não consegue perceber
"que" o frio, "é" uma delicada forma
De calor

Lobão




(interpretação de Zeca Baleiro)

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