No vão da montanha




Eu tinha que fazer sentir o que não se sente
Derreter paredes de gelo com o sopro
Não me congelar no caminho
Eu tentei, mas não foi possível suportar
Eu caí num vão da montanha
Mesmo dando o meu melhor
E até pedindo a um deus que não era meu
Não foi possível suportar
Eu não hesitarei mais
Porque eu não vou tentar mais
Aqui é confortável
Porque eu não vou tentar mais.
A luz ou a sombra não são mais diferentes
Porque eu não uso os olhos para enxergar
É possível ouvir melodia no silêncio?
Qual o direito que eu tinha, qual eu tenho?
Eu não tento mais sair, porque aqui é confortável
Agora.
O tempo não existe mais
Então eu não tenho que esperar
Não tenho mais medo
Porque nem os monstros vem aqui.
Meu hálito quente me diz que estou vivo.
Não é triste estar aqui
Só é triste saber que eu cai aqui
Porque eu conhecia o caminho
Mas não queria ver esse vão da montanha
Aqui eu não preciso de meu nome
Porque o nome é o mais valioso
E nem dele eu preciso.
Eu posso ser “no name”
É virtuoso não ter virtude.
Eles me pedem para voltar.
Por que os outros tem que decidir por mim?
Se a vida é minha.
Os meus erros são meus e os acertos também
Não deve ser assim?
Se errarem por mim, não vão dividir a dor comigo
Se eu acertar todos são amigos.
E o que você é?
Bem, abra a caixa da sua cabeça
E veja através da parede de gelo
Já que o meu hálito quente não pode derretê-la.
Eu gosto da melodia do silêncio
E de não ter que esperar mais.
Porque aqui não há tempo nem monstros.
É meu direito.



(miliano)

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