Pálida e Cálida

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Onda glacial
Punhais de cristal
Teimam em me atravessar
Exausto de lutar
Terremoto e convulsão
Fel bombeado ao coração
Torpor silencioso
Homem, fragmento pedregoso.
Pela deusa do gelo
Dessa vida, Pandora
o demônio que aflora,
Do sétimo selo.

Feita da mágoa
Esculpida na raiva
com o veneno da saliva
És poço sem água
.
Repudio o vilão
Mas pra destacar o herói,
a imagem que o constrói
Citá-lo, não é em vão.

Homem em menino
Rocha em pedaços
Guerreiro franzino
Andarilho descalço
Reconhece o Céu
Experimentando o inferno
Que mais além do mel
dos braços que me interno?


Cálido conforto
Mãos de bálsamo
Envolve o insano
Restaura o morto
Bravio mar que acalma
Luz que ilumina
Espada que surge d'alma
Insurge no corpo da menina
Deusaflora
Afrodite agora
Musa primavera
Sepulta a quimera.

Menino no seio
De areia pro vidro
Do corpo febril
Faz O Guerreiro da tribo
Em uma pele de neve
do sexo queimante, calor
Envolve na verve,
do amante convexo fervor
Mato a sede em boca hávida
Descanso na planície sem relva
Oásis no deserto, clareira na selva
Entre pequenos montes a morada

Racional e instinto
Do fantasma não minto
Pela mente faz o corpo à mercê
mas refeito, "estou para você"
Sem questão insana
És deliciosa fruta
De galho alto emana
Doce sumo, fêmea absoluta.

Conforto na mão espalmada
Aconchego na asa do Cisne
Faz-se no Lago, calma e amada
Curvas, vales, há o que não fascine?
Sorriso, mãos, pés, limites...
Tua mistura me encanta
A pele de algodão no algodão da manta
Sem divindade que te imite.

Misture a mulher e a dama
Mágica de bela e fera
Nada precede, nem a fama
Bela a vista, sedutora pantera
Branca pantera
Sem pelo na suave forma
Preenche, completa, intera...
Sem pudor no largo da cama

Complexa mente
Inocente mente
Da iminente morte
Faz num lampejo, um forte.


(Miliano)

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